* VOCÊ ACREDITA ? *

Você acredita?

Certa vez, fui para São Thomé das Letras fazer uma viagem, com o intuito apenas de descansar, divertir-me e tentar sair um pouco da rotina.

Já ouvia falar desse lugar, de suas belezas e simplicidade. Então, minha namorada e eu decidimos fazer essa viagem de 3 dias.

Chegando quase lá, mais ou menos 20 km da cidade, já dirigindo por quase 5 horas, senti algo diferente; algo como uma energia ou um certo magnetismo que me arrepiou os pêlos do corpo, sensação a qual pensei ser de ansiedade, devido a estar chegando num lugar desconhecido.

Chegando, hospedamo-nos e fomos conhecer a cidade.

Um lugar diferente, um lugar simples. Entretanto, existia um tom de magia no ar. Várias casas ainda com seu aspecto original, ruas de pedras etc. Identifiquei-me com tudo aquilo; ali era o lugar que gostaria de morar pelo resto de minha vida.

Por muita sorte, cheguei justamente em um dia em que a cidade estava em “festa” - Semana Santa -, e, nesse dia, assisti a uma coisa maravilhosa: uma procissão, à noite, à luz de velas, junto de minha companheira, do alto do penhasco, no qual se vê todas as ruas da cidade.

Ao amanhecer, decidimos dar um giro de carro para conhecer o local e tirar umas fotos.

Peguei uma estrada bem próxima da cidade. Era uma subida íngreme, toda de pedra. Não fosse um carro meio “off road”, não subiria. Logo chegando ao cume, passei desapercebido em cima de algo que pegou em baixo do automóvel. Minha namorada me alertou sobre o fato de ter passado em cima de alguma coisa desenhada no chão.

Paramos o carro e fomos verificar: era um desenho em forma de círculo, de mais ou menos uns 10 metros de diâmetro, todo feito de pedras e ossos. No momento, ficamos sem nenhuma reação; sem saber o que pensar. Seria feito pelas pessoas do povoado? Seria um símbolo cabalístico? Não sei! Resolvemos tirar algumas fotos do local.

Na terceira foto, eu estava focalizando minha namorada com a câmera. Ela estava à frente de uma grande pedra, quando, de repente, algo estranho aconteceu. Vi, atrás dela, um velho que saiu de trás de um muro de pedra (de dentro da pedra ou fazia parte dela, não sei). Assustado, chamei a companheira para perto de mim e logo fui falando: “Tá vendo aquele velho ali? Ele estava atrás de você, e saiu de dentro da pedra”. Ela, no momento, não ligou muito, pensando que fosse uma brincadeira minha. Logo então, percebendo meu estado alterado, percebeu algo estranho.

Decidimos então nos aproximar para ver quem era ou o que era aquilo. A mais ou menos 10 metros de distância, tentamos ver seu rosto, mas um galho de arbusto cobria-lhe toda a face.

O homem continuava do mesmo jeito, sentado, como se não estivéssemos ali. Demos a volta na pedra para ver melhor e, por incrível que pareça, ainda não se via o semblante, pois também estava coberto por um galho de arbusto. Demos a volta quase que completa na pedra e, mesmo assim, olhando àquela imagem que ali estava intacta, sem movimentos, percebemos que não nos era ainda possível ver-lhe o rosto. Já que, de todos os ângulos pelos quais olhávamos, sempre havia um galho de arbusto à frente de sua misteriosa face. Naquele momento, não soube o que fazer, pois não era uma alucinação minha, visto que minha companheira, que não bebe nem cerveja, estaria vendo e vivenciando tudo aquilo comigo.

Muito apreensivo, resolvi ir conversar com aquele “ser” tão mágico e misterioso que saiu de dentro da pedra e não revelava-nos a identidade.

Tentativa em vão, pois minha namorada, já muito assustada, não deixou de jeito nenhum me aproximar mais do velho, querendo se retirar dali imediatamente. Com os sentidos e imaginação a mil, entramos no carro quase que calados, saímos daquele local e a pergunta persistia.

O que seria aquilo? Seria um sinal, uma visão. Ele teria alguma coisa para me falar?

Isso ficou anos em nossas mentes. Eu não sabia nada sobre o acontecido e, com o passar dos anos, fui conhecer melhor a cidade, suas lendas e histórias. Em meio a uma delas, conheci a de Chico Taquara, a qual, para mim, foi uma total surpresa, pois até associei  algumas historias ao fato ocorrido naquele dia. Até poderia ser ele ou algum outro ser bidimensional

Fiquei com a certeza de que algo mágico aconteceu em São Thomé das Letras.

Logo então, resolvi voltar para lá!

Mas isso é outra história!
                                                                                  ( por Fernando Pavan )